A 2a. História*

Foto da antiga ponte do pina, não dá pra ver o cano de esgotos abaixo da ponte.

Da varanda da casa de tia Mari no bairro do pina, dava para ver um grande extensão de areias brancas e quentes que se estendia até o rio Capibaribe, era o areal quase escondendo o grande cano de esgotos da Cia. de Saneamento que ficava do outro lado do rio.

Foi lá que a minha irmã Deda brincando de andar no cano quando era adolescente, caiu e teve que levar pontos no corte do joelho.

O cano ia até 100 metros mar adentro, onde descarregava os esgotos.

Lembro que eu ainda adolescente ia da areia da praia onde o cano novamente aparecia, andando em cima até a borda escorregadia, com águas turvas pelos excrementos e rapazes pescando moréias pretas enormes com bocas parecidas com a de cachorros.

O areal, essa enorme área de terreno tinha um dono.

Nessa época a colônia árabe tinha um clube numa antiga e enorme casa alugada.

Na casa além da sede, tinha um grande galpão atrás onde eram servidos os almoços árabes, e tinha também um campo de futebol.

Essa casa ficava na estrada do arraial no distante bairro de casa amarela, antigamente devia ser a sede de alguma fazenda ou engenho de cana de açúcar.

Foi nela que em um fim-de-semana a minha irmã caçula Lili ainda criança, saiu sozinha pelo portão da frente e não se perdeu porque uma boa alma que vinha passando a trouxe de volta.

Os fundadores do clube acho que eram 8, periodicamente faziam um rodízio elegendo o novo presidente do clube.

E foi em um desses períodos  que o senhor Antônio, o meu pai foi eleito na assembleia como presidente.

Papai procurou o dono do areal, eu não sei ao certo mas acho que o terreno tinha de 30 a 40 mil metros quadrados, e fez a seguinte proposta:

— Eu quero comprar o seu terreno mas o clube não tem dinheiro.

— Se você concordar, a gente faz um contrato, o meu arquiteto divide o terreno em lotes, e separa uma área para construção da nova sede do clube.

— O pagamento do seu terreno virá da venda dos lotes que serão vendidos para os sócios do clube.

— A proposta foi aceita, todos os lotes foram vendidos, inclusive papai comprou dois, e além do terreno ainda sobrou dinheiro para construir a sede do atual Clube Líbano Brasileiro.

Depois foi oferecido aos outros da colônia e também para brasileiros, comprar cotas de sócio proprietário com direito de propriedade no caso de venda.

Ao todo foram vendidas cerca de 300 cotas, papai comprou sete ou oito que hoje valem muito.

Hoje o clube tem uma sede própria num lugar valorizado, graças ao papai, o mentor e fundador da nova e PRÓPRIA Sede do Clube Líbano Brasileiro da minha cidade.

O destaque para uma inteligência privilegiada que conseguiu essa façanha sem nenhum dinheiro em caixa, mostrando que o impossível é possível.

Eu conto com orgulho algumas breves histórias.

Um abraço,

Michel

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