A 3a. História*

O sertão do nordeste antigamente era muito inóspito e de difícil acesso, quase não tinha estradas e o trem às vezes era a opção.

Hoje o cenário é bem diferente por causa da modernidade, com muitas estradas e com um pouco mais de verde nos campos, resultado dos poços d’água perfurados e das águas da transposição do rio São Francisco.

Antes era comum ver jumentos que eu chamava de “burros”, puxados por vendedores de água com tonéis de água coletados sem higiene dos rios.

As águas tinham que ser fervidas e coadas para poderem ser consumidas.

As pequenas cidades ou vilarejos só tinham feiras de frutas e verduras e os moradores não tinham vendas (lojas) de miudezas para comprar linhas, agulhas, botões, tecidos, brilhantinas, talcos, sabonetes, perfumes…

Quem tinha tudo isso e muito mais eram os caixeiros viajantes, com as suas malas abarrotadas de mercadorias que eram vendidas de porta em porta por esses corajosos que muitas vezes não tinham onde dormir.

Às vezes até encontravam pequenos hotéis ou pousadas, mas para economizar procuravam estadias mais baratas.

Um desses viajantes foi o meu muito querido pai Antônio, que depois de juntar um dinheirinho trabalhando como balconista nas lojas de São Paulo resolveu se aventurar no sertão da Paraíba como caixeiro viajante.

Ele contava da dificuldade de carregar malas tão pesadas, e da situação de miséria e pouco dinheiro dos moradores, por isso ele vendia para pagamento em pequenas parcelas anotadas em cadernos de prestação de contas.

Papai era um homem bonito, chamavam ele de Jeff Chandler, ator e galã de filmes americanos.

Pois bem, aconteceu quando ele vendia as suas mercadorias em algumas casas, na ausência dos maridos as mulheres mais assanhadas se insinuavam para papai.

Os homens do sertão, eram homens rústicos e perigosos quando ofendidos em sua honra, e papai sabendo disso, nunca ousou se aproveitar das “ofertas”.

Ele contou que um dia depois de fazer a sua venda em uma das casas, já se fazia tarde, o céu estava escurecendo e o morador conhecido, sabendo que papai não tinha onde dormir, ofereceu um canto coberto com uma rede de dormir no quintal do sítio.

De bom grado, papai aceitou, no dia seguinte bem cedo quando acordou viu no chão, embaixo da rede um monte de cobras se arrastando.

Imagine se de noite ele levantasse da rede colocando os pés no chão?

A história termina aqui,eu conto algumas breves histórias do meu pai.

Obrigado e um abraço,

Michel

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