A 9a. História*

Na minha loja tinha um gerente chamado Paulo, que antes de ser gerente ele era vendedor da loja, o melhor vendedor.

A loja estava passando para uma outra fase de prosperidade, graças aos novos produtos bons, baratos e com boas margens de lucro.

Eu consegui alguns fornecedores em Blumenau como a Omino Hering e outros que me davam exclusividade nessa linha de produtos.

Quando chegou as primeiras peças, vendeu tudo em uma semana.

Vendo o potencial do negócio, nessa época eu trabalhava com o ramo de cama, mesa e banho, com vendas moderadas que pagavam os custos da loja e do sustento da minha família.

Fotos ilustrativas, não corresponde ao texto anterior.

Detalhe, todos os meus 4 irmãos e eu éramos solteiros e a loja sustentava toda família.

Eu fiz o que era preciso.

Antes de continuar, quer mostrar algumas curiosidades:

*Todas as sextas feiras eu almoçava com o meu primo Helinho e Erinaldo, meu amigo desde os 7 anos de idade.

Sempre em restaurantes diferentes.

*Nessa época Helinho tinha um carro esportivo chamado SP2:

*E eu tinha um Karmann Ghia e Erinaldo um carro comum:

*O meu era bege com rodas de alumínio, pneus moles de corridas, bancos largos, e com motor 1.6 ele “voava”.

*Alguns donos de lojas vizinhas, meus amigos e parentes, passavam em grupo nos intervalos do expediente me chamando para tomar um cafezinho na padaria próxima.

*Tem coisas que a gente jamais esquece, eu lembro que eu estava conversando na frente da loja com o meu amigo Alberto e ele disse:

— Eu sei que eu não tenho nada com isso, 

Eu não deixei ele terminar a frase, eu disse:

— Se você não tem nada com isso, então não diga.

Ele ficou p da vida e até hoje ele lembra e reclama desse momento, kkk.

Para entrar na loja a gente tinha que se espremer, eu juro que não é mentira, aliás eu ODEIO mentiras.

Alguns donos de lojas entravam no meu escritório para conversar e tomar um Capuccino, eles confundiam GENTILEZA com GENTE LESA porque eu sabia o que eles realmente queriam era saber o meu segredo de encher a loja de clientes, enquanto as outras lojas da rua estavam vazias.

Voltando, para pagar esses novos produtos, a fábrica maior a Hering dava prazos com boletos mas as outras pequenas fábricas da região do Vale do Itajaí, só vendiam à vista.

Eu tomei uma atitude radical, eu fiz uma liquidação total de todo o meu estoque de mercadorias a preço de custo ou um pouquinho mais.

Com o dinheiro arrecadado na liquidação, peguei um avião e viajei para as compras.

Antes da viagem, o vendedor Paulo me fez uma proposta que eu aceitei na hora, eu não precisava mais pagar nem o salário dele nem a comissão sobre as vendas dele.

A partir daquele momento ele seria o gerente geral cuidando de toda a parte das vendas e das funcionárias da loja recebendo 1% do faturamento.

Depois somavam 30 funcionários, 90% mulheres.

Com bons e baratos produtos, a loja chegou a registrar 800 clientes em um dia, comprando as mercadorias para revender.

Hoje eu NÃO aceitaria a proposta dele, primeiro pecado eu fiquei longe do salão, segundo com tanta gente devia ter muito roubo de clientes e funcionários, ou os dois, terceiro com tantos funcionários, os custos foram lá pra cima.

Seria melhor se eu colocasse uma margem maior de lucro e com menos clientes não precisaria ter tantos atendentes.

Menos escala, mais lucro.

Essa linha de produtos não era abundante, havia limitações para conseguir.

Aconteceu um dia eu cheguei em Blumenau para fazer compras, e para minha surpresa as Lojas Pernambucanas (mais de 200 lojas) pagou antecipado toda produção das fábricas que eu comprava.

Foto atual.

Imagine o meu desespero sem nenhuma possibilidade de repor os estoques sempre baixos por causa daquele estilo de vendas.

Com os pensamentos de hoje, eu colocaria um balcão separando os clientes das mercadorias, com menos vendas os estoques demoraram mais a acabar e a repor, teria menos trabalho e maiores lucros criando um bom lastro financeiro.

Assim com os lucros acumulados, seria mais fácil qualquer mudança.

A transportadora que eu usava, era a Blumenauense, na minha estada em Blumenau ela  disponibilizava um carro para mim o tempo que eu precisasse.

Eu não tive alternativa, para não perder a viagem eu rodei todas as fábricas do Vale, e comprei a vista nas lojinhas defronte das fábricas onde tinham os produtos que não eram muito bons nem muito baratos mas era o que tinha.

Uma explicação:

Defronte as fábricas tinham lojinhas com produtos com preços de varejo em promoção para divulgação da marca.

Eu enchia o carro de mercadorias, era uma Brasília da Volkswagen.

Nas lojinhas eu pagava a vista sem nota, uma fábrica conhecida cobrava 10% emitia a nota fiscal e enviava para transportadora.

Com a nova e drástica situação, a minha mãe, 3 irmãs e 1 irmão decidiram vender todos os imóveis da família, inclusive o prédio da loja.

Aqui termina mais uma história.

Obrigado pela paciência.

Meu nome é Michel.

E-book Loja Física:

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