A 1a. História*

Eram hospitais, prédios e casas transformados em um monte de ruínas, destruídos por bombardeiros aliados.

Esta era a cena que se via em toda a Europa.

Era o fim da primeira guerra mundial, uma atrocidade nunca vista na história recente da humanidade.

Os europeus não tinham mais casas, nem empregos nem comidas e as famílias viviam perambulando nas ruas atrás de alguém sustento.

As empresas de navios reuniam famílias oferecendo uma nova vida no “novo mundo” na América.

Eles eram atraídos por promessas de trabalho na agricultura, principal atividade na época.

Muitos desembarcaram no Brasil enganados pensando que aqui era a América do Norte.

Vieram, ficaram e gostaram distribuídos em várias regiões do Brasil formando colônias e ajudando a criar riquezas principalmente no sul que tinha climas parecidos com os que estavam acostumadas.

A maioria dos imigrantes eram japoneses, italianos, alemães, libaneses, porque a guerra deixou a Europa em ruínas, totalmente destruída fisicamente como financeiramente.

Vou falar sobre um desses imigrantes que morreu aos 63 anos em 1970, homem íntegro, com caráter, respeitado e admirado por amigos e parentes.

O nome dele era Antônio, com 15 anos veio do Líbano para o Brasil na década de 1920 com a irmã mais velha Tia Adélia.

Esse homem era o meu pai, o meu nome é Michel, eu sou brasileiro um dos 5 filhos desse imigrante libanês.

O que eu sei, é que o meu avô construía casas e morreu junto com a minha avó e alguma irmã não sei direito???, porque não tinham o que comer.

Tia Adélia casou no Rio e cuidou do meu pai até ele ter idade para trabalhar.

Foi em São Paulo que ele começou a trabalhar como vendedor numa loja de atacadista, naquela época se dizia balconistas de vendas em grosso.

Ele se destacou vendendo mais do que os outros porque ele tinha um jeito peculiar que ganhava a preferência dos clientes.

Um exemplo de que a boa escola do Líbano fez a capacidade de raciocínio dele melhorar.

As vendas na loja funcionavam assim:

O cliente ia caminhando pela loja com o vendedor de lado, apontava para um produto perguntando o preço por exemplo: pasta de dentes “Kolynos”, o balconista pegava a tabela, procurava o produto e o preço nas extensas listas e o cliente dizia quero 5 dizias e ele ia separando o lote no balcão do que o cliente pedia, no final ele pegava um caderno (a sonegação corria solta!) e anotava a quantidade X o preço = total, no final somava tudo, levava as mercadoria para embalagem e o cliente depois de pagar no caixa levava os pacotes.

Papai fazia diferente, logo cedo quando chegava na loja, sem ninguém saber colocava o preço em árabe de cada mercadoria num cantinho ao lado do produto.

Quando o cliente perguntava o preço, ele dizia na hora, não precisava consultar a tabela perdendo tempo.

E em vez de separar as mercadorias no balcão ele anotava numa página do caderno com o nome do cliente a quantidade e o preço, e dizia no final: 

— Vá fazer o que precisa e quando voltar estará tudo embalado e pronto para pagar.

Para o cliente isso era uma maravilha, porque ele tinha mais tempo, sem correria e voltava mais cedo para casa.

De longe os outros balconistas ficavam intrigados se perguntando cadê o lote das mercadorias no balcão?

Era assim que eles avaliavam o tamanho da venda.

Vendo o balcão vazio, talvez pensassem debochando, que o “pobre” Antônio perdeu aquele tempo todo com o cliente sem ter vendido nada.

Os clientes vinham do interior de São Paulo compravam apressados em várias lojas e tinham que voltar no mesmo dia para não pagar hospedagem.

Se quiserem que eu conte mais, por favor coloque nos comentários.

Obrigado e um abraço.

Michel

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